Primeiro semestre de 1994: a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a maior empresa de saneamento do Brasil e uma das maiores do mundo, vivia momentos de muita incerteza. O modelo de gestão adotado desde a época do Planasa – Plano Nacional de Saneamento – estava falido e a empresa não conseguia mais dar respostas às exigências de uma sociedade redemocratizada e com crescente sentimento de cidadania.

A alta administração da Sabesp mostrava-se insensível aos sinais que a população emitia. Ao mesmo tempo, a gestão da empresa não privilegiava a boa prática administrativa transformando a Sabesp em uma companhia em condição pré-falimentar.

A situação tornou-se crítica, portanto, em diversos aspectos: institucionalmente – com movimentação crescente de municípios dispostos a retomar os serviços; empresarialmente – com resultados pífios apontando prejuízos, dívidas e falta de pagamentos; e, operacionalmente – com falta de água, ausência completa de projetos e programas de investimentos e com déficit ambiental imenso.

Dispostos a impedir o completo sucateamento com conseqüências nefastas para a Empresa – inclusive com a possibilidade de venda à iniciativa privada por preço vil – os profissionais universitários da Sabesp iniciaram um debate de intensidade nunca visto para poder elaborar e propor aos novos administradores estaduais um modelo de gestão para o saneamento em São Paulo.

Ao longo de todo o ano de 1994, apesar de forte repressão interna, a APU capitaneou os debates e envolveu todas as entidades representativas dos empregados da Sabesp. Inúmeras reuniões e seminários foram realizados, culminando com um evento histórico no Anhembi, envolvendo mais de 1.200 pessoas, quando foi aprovado o documento chamado “Bases para um Novo Modelo de Gestão do Saneamento no Estado de São Paulo”.

“Bases…” foi encaminhado para os candidatos ao governo do Estado de São Paulo como documento síntese da proposta dos profissionais universitários da Sabesp para a nova administração,. Ao tomar posse em 1995, a nova diretoria da Sabesp assumiu a maior parte daquelas propostas e iniciou um amplo redesenho organizacional que, apresentou resultados fundamentais para reverter o quadro exatamente nos aspectos institucional, operacional e empresarial.